A dor crônica não é apenas uma sensação persistente — é uma condição que transforma a forma como o cérebro funciona.
Quando a dor deixa de ser um sinal de alerta e se mantém por semanas ou meses, o sistema nervoso passa por um processo chamado sensibilização central. Isso significa que áreas cerebrais começam a responder de forma exagerada a estímulos que antes não causariam dor.
Estudos de neuroimagem mostram que pacientes com dor crônica podem apresentar alterações estruturais e funcionais em regiões relacionadas à dor, emoção e memória, como:
- Córtex pré-frontal – responsável por tomada de decisões e controle emocional
- Amígdala – ligada ao medo e estresse
- Tálamo – central de retransmissão sensorial
- Córtex somatossensorial – onde o cérebro “lê” a dor
Essas mudanças podem explicar sintomas como:
- Aumento da sensibilidade
- Dificuldade de concentração
- Irritabilidade e ansiedade
- Alterações do humor
- Dificuldade para dormir
Mas há algo extremamente importante: o cérebro também pode se recuperar.
Tratamentos baseados em movimento, neuromodulação, medicamentos adequados e educação em dor podem reverter parte dessas alterações, promovendo um processo chamado neuroplasticidade positiva.
A dor crônica não é apenas “no corpo” — é também uma experiência cerebral, complexa e tratável.
Base científica: Woolf CJ, Nature Medicine, 2010